terça-feira, 29 de outubro de 2013

9 Mitos sobre Pessoas com Deficiência


Texto extraído de: Deficiente Ciente
Os preconceitos são sustentados por mitos (idéias falsas, sem correspondente na realidade) nos quais as pessoas acreditam sem muitas vezes perceber o quanto eles são absurdos.
Estes preconceitos são transmitidos na sociedade sem serem percebidos, como se fossem naturais. Para isso a única cura é a informação e o convívio com pessoas diversas. Abaixo mostramos alguns mitos. Conhecendo-os e refletindo a respeito ficará mais fácil combatê-los.
Deficiência é sempre fruto de herança familiar
No Brasil e no mundo as grandes causas de deficiência não têm origem genética e nem são hereditárias. Na maior parte dos casos elas são resultados da falta de saneamento básico que ocasiona infecções, falta de assistência pré-natal e ao parto e, principalmente, os acidentes de carro e a violência por arma de fogo.
As pessoas com deficiência são todas amigas ou familiares uns dos outros
As pessoas quando encontram alguém com deficiência costumam perguntar se ela conhece uma outra pessoa “assim, assado, com uma cadeira de tal cor”, como se todas as pessoas com deficiência do mundo se conhecessem e fossem amigas. As pessoas com deficiência não vivem em um mundo a parte onde só existam outras pessoas assim e o fato de terem a mesma deficiência, por exemplo, não faz com que automaticamente concordem sobre tudo. São pessoas diferentes com diferentes visões de mundo, assim como qualquer outra.
Existem remédios milagrosos que curam as deficiências
Apesar dos esforços e conquistas decorrentes das pesquisas e do conhecimento de biologia molecular, os diferentes tipos de deficiência ainda não têm cura. Em alguns casos existem medicamentos que podem auxiliar em um ou outro sintoma, mas o mais importante é a estimulação da pessoa e a minimização da desvantagem, ou seja, tornar o ambiente mais acessível física e atitudinalmente para que todos possam usufrui-lo.
Deficiência é doença
Deficiência não é doença nem é contagiosa. Uma deficiência pode ser seqüela de uma doença, mas não é a própria doença.
Pessoas com deficiência física não têm vida sexual
Sexualidade é algo muito mais amplo que sexo e, consequentemente, sexo é muito mais que genitalidade. A pessoa com deficiência física, seja homem ou mulher, tem vida sexual, namora, casa e na maior parte dos casos pode ter filhos.
Todo surdo é mudo
A pessoa com surdez na maior parte dos casos apresenta os órgãos fono-articulatórios íntegros e tem todo o potencial para desenvolvimento da fala. Não é porque é surdo que se torna automaticamente mudo. A mudez autêntica é extremamente rara e decorrente de lesões cerebrais.
A pessoa com deficiência mental gosta de trabalhos repetitivos
Algumas pessoas podem se sentir mais confortáveis com atividades repetitivas, isso faz parte da diversidade humana de aptidões e personalidades, mas não é característica de um determinado grupo de pessoas.
Algumas pessoas com deficiência mental gostam de ambientes e atividades mais estruturadas, outras gostam das expressivas e artísticas, ou seja, como qualquer outra pessoa elas têm gostos e preferências.
Só há duas categorias de pessoas: os cegos e os que vêm “normalmente”
Existem pessoas com baixa visão, podem distingüir formas ou cores. Algumas pessoas com baixa visão podem ler com o auxílio de uma lupa. Também existem as pessoas que não enxergam.
Todo cego tem tendência à música
A pessoa cega tem uma atenção diferenciada aos estímulos auditivos, afinal a audição a auxilia na locomoção e localização, ajudando na noção de distância. Daí para esta atenção tornar-se um talento sobrenatural para a música, há uma grande diferença.
Fonte: Somos @ Telecentros

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Um Paratleta Brasileiro - a trajetória de Israel Stroh


Conheça a história do criador do site Paratleta Brasil.


Israel jogando tênis de mesa em uma campeonato
Israel Stroh

Diante de inúmeros sites que falam de futebol, surge um que trata exclusivamente de esportes paraolímpicos. O Paratleta Brasil procura ajudar o atleta com deficiência a ter mais visibilidade e também trazer informações ligadas diretamente a seus interesses.

O criador e quem atualiza o site é Israel Stroh, santista de 26 anos, formado em jornalismo. Ele também é paratleta e a descoberta da sua deficiência rende uma boa história. Israel pratica esportes desde os seus seis anos de idade e o fato de andar um pouco “duro” nunca tinha atrapalhado seu desenvolvimento. Seus pais até o levaram no médico que fez seu parto, mas como não quis admitir qualquer erro que tinha cometido, só disse que ele andava “meio tortinho” e que era normal. Foi somente quando fez uma entrevista de emprego em 2010, que o alertaram para a possibilidade de preencher a vaga de pessoa com deficiência. “Isso me assustou em um primeiro momento, mas resolvi consultar outro médico, que diagnosticou paralisia cerebral sem hesitar”, conta Israel, “entendi isso como uma doença que não me afetava em nada, o que não chega a ser totalmente errado. Aceitei a vaga, mas ignorei o fato por um ano”.
Ele praticava badminton por lazer. Foi durante um campeonato paulista, que um técnico de Campinas perguntou o porquê dele não ir para o parabadminton. Ele não gostou da pergunta, mas entrou em contato com o responsável da Seleção Brasileira que o orientou a gravar uns vídeos dele jogando para que visse se poderia jogar e qual seria sua classificação. “Quando eu vi esse vídeo, pude eu me conhecer de fato e ver como eu andava. Não imaginava que era assim, pois não havia me visto andando, em outro vídeo”, comenta.
Mas foi com o tênis de mesa, esporte que pratica desde os 14 anos, que Israel se firmou como atleta. Competiu até os 20 anos de idade, quando diminuiu o ritmo para se dedicar à faculdade. Nesse período, esteve em categorias convencionais, sem ser paraolímpicas e em jogos universitários, como forma de lazer. Em 2011, voltou a participar de campeonatos, como o Brasileiro, o qual terminou em terceiro lugar. No ano seguinte, competiu em cinco, dos seis torneios nacionais e conquistou um terceiro lugar, dois vices e dois títulos. Dentre os títulos, o mais importante foi a medalha de bronze no Torneio Mundial da França. “Quando eu conheci minha deficiência, resolvi voltar ao tênis de mesa, pois é o esporte que eu jogo melhor e tinha chances de ter futuro, não só por mim, mas pela estrutura do esporte”.
Israel ao lado de um companheiro de equipe no pódio com a medalha de bronze no pescoço
Israel Stroh no pódio

Israel chega a treinar quatro horas por dia, mas depois do lançamento do site, ficou difícil cuidar da parte física, que faz apenas duas vezes por semana. Sobre a criação do Paratleta Brasil, ele conta que teve um momento em que sentiu necessidade de criar um negócio próprio em que pudesse fazer seus horários. Trabalhar em uma redação impedia que ele continuasse no esporte, pois era necessário fazer plantões aos finais de semana, os horários eram incertos e muitas vezes trabalhava mais do que o acertado. “Além do que, o esporte paraolímpico vem em amplo crescimento, não só na sua população de envolvidos, como também em estrutura, investimento. Sem contar que a população de pessoas com deficiência no Brasil é muito grande. Então, uni a minha necessidade com a necessidade do público em ter seu próprio veículo e desenvolvemos o Paratleta Brasil”, conta.

Ser um veículo com conteúdo exclusivo para paratletas traz uma maior visibilidade para atletas com deficiência. Israel fala que o paratleta é carente não de recursos, mas de divulgação e o site tem como objetivo resolver esse problema, que pode trazer mais respeito e até patrocínios. Ele comenta, “entendo que o importante é a mídia perceber o potencial das modalidades paraolímpicas. Sinceramente, não entendo como não percebem. Todos nós sabemos o quanto um atleta é vencedor ao chegar nas Olimpíadas. Agora, imagine, chegar nas Olimpíadas sem uma perna, como o Oscar Pistorius, ou sem um braço, como a polonesa Natalia Partyka, do tênis de mesa. O esporte paraolímpico é uma lição de vida, uma demonstração do quanto é possível enfrentar barreiras em busca do sonho. Em um mundo onde todos querem ser vencedores, seja no esporte, na arte, na vida profissional, pessoal, os atletas paraolímpicos trazem mensagens poderosíssimas de superação. Não há quem não se emocione ao ver um deficiente visual jogando futebol, ou um jogador de bocha lançando a bola com a boca... Qualquer história serve de exemplo”.
Israel jogando tênis de mesa
Israel jogando

Apesar da vida corrida, como atleta e jornalista, Israel diz que consegue bons resultados no esporte, como a conquista nesse ano, de uma vaga na seletiva para o Campeonato Panamericamo e em três torneios, perdeu apenas um jogo na etapa da semifinal da Copa do Brasil, mas venceu a segunda em Santos.
Com essa rotina de treino e trabalho, Israel sonha em conquistar uma medalha nos Jogos de 2016 e obter o respeito aos paratletas. “Eu sei o quanto é difícil, mas estou pagando o preço necessário e, como disse, sei que é possível. Como jornalista, me sentiria com a missão cumprida se conseguisse trazer esse respeito aos paratletas que o Paratleta Brasil tem como objetivo.”
 
Fonte : Rede Saci - 04/06/2013 - Jaqueline Mafra