sexta-feira, 29 de junho de 2012

Seis em cada dez deficientes com 15 anos ou mais não terminaram o ensino fundamental

Estudo realizado com base em dados divulgados no Censo 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fonte: UOL - 29/06/2012

O Censo Demográfico 2010 mostra que 61,1% da população de 15 ou mais anos de idade com alguma das deficiências investigadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não tinha nenhum tipo de instrução ou não conseguiu completar nem o ensino fundamental. O número, divulgado nesta sexta-feira (29), é 22,9 pontos percentuais maior que o índice daqueles que declararam não ter deficiência (38,2%).
Esse número é maior nas regiões Nordeste (67,7% do total) e Norte (61,9%). Em todos os outros níveis de instrução, a diferença entre as pessoas com e sem deficiência é um pouco menor –porém, em qualquer um dos casos, os percentuais são menores entre aqueles que declararam possuir algum tipo de necessidade especial.
Segundo o IBGE, quase 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, declarou possuir pelo menos uma das deficiências investigadas no censo: mental, motora, visual ou auditiva.
Taxa de alfabetização menor
A taxa de alfabetização entre as pessoas de 15 anos ou mais que disseram ter algum tipo de deficiência (81,7%) também é menor do que os que se declararam sem nenhuma delas (90,6%).
De acordo com o órgão, foi considerada alfabetizada “a pessoa capaz de ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhecesse”. Foram classificados também como analfabetos aqueles que “aprenderam a ler e a escrever, mas que esqueceram devido a ter passado por um processo de alfabetização que não se consolidou e a que apenas assinava o próprio nome”.
Os dados dos dois grupos se aproximam quando o critério é taxa de escolarização. Segundo o IBGE, 95,2% das crianças de 6 a 14 anos com deficiência estavam na escola, contra 97,71% do total da população nesta faixa etária. A região Norte teve o menor índice do país: 93,3%, número 0,7 ponto percentual maior que o da população sem deficiência. Isso se deve, diz o instituto, provavelmente à falta de infraestrutura de transporte escolar na região.

2% dos sites da web são acessíveis

A inclusão digital esteve em debate na CIAB Febraban na quinta-feira (21). O secretário Delfino Natal de Souza, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão apresentou as medidas do Governo Federal para melhorias no acesso de deficientes físicos às plataformas digitais.

O e-MAG (Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico), promete que portais e sítios do governo brasileiro estejam de acordo com a lei de acesso à informação (12.527/11), que garante aos deficientes físicos os mesmos direitos que os não-deficientes.



Aos poucos as páginas do Governo Federal estão sendo adaptadas aos portadores de necessidades especiais. Em 2010, em média 98% das páginas não eram acessíveis, em dois anos o percentual diminuiu em 5%, as mudanças são imprescindíveis para a inclusão digital.

Uma pesquisa do W3C — World Wide Web Consortium, apresentada por Karen Myers, líder de desenvolvimento de negócios, mostra que deficientes representam 24% da população brasileira e apenas 2% das páginas da web são acessíveis a esse público.

Para Liliane Vieira Moraes, deficiente visual e Analista em Ciência e Tecnologia do CNPq, muitos portais vendem acessibilidade, mas pecam em detalhes. “Alguns sites incluem imagens sem legendas e opções de “clique aqui” coloridas, sem informação nos botões e isso impossibilita que muitos deficientes visuais tenham acesso completo ao conteúdo. O Brasil ainda melhorar a comunicação em sites e televisão, para isso é necessário aproximação das organizações com a causa”, conclui Liliane.

Para Karen, as nações estão abertas a mudanças e em 2007 uma iniciativa do Comitê Gestor da Internet (CGI) trouxe a W3C para o Brasil e, consequentemente o WCAG, uma ferramenta já adotada por algumas instituições que certifica a acessibilidade de portais. A líder de desenvolvimento de negócios explica que para uma página se tornar inclusiva é preciso ter percepção para entender a necessidade do portador de deficiência, pensar na navegabilidade, ensinar o usuário a preencher dados em formulários e tornar toda forma de conteúdo acessível.

De acordo com Sidinei Rossoni, gerente executivo da Caixa Econômica Federal, o site do banco já possui ferramentas para atender deficientes físicos por meio do site com tecnologia assistiva e de um software que traduz as informações para libras. “Conseguimos adaptar nossos serviços de web para atender os deficientes e cumprir questões de acessibilidade”, garante. A instituição também anunciou que a próxima medida será o lançamento do extrato bancário impresso em braile.

Fonte: IP News

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Síndrome de Apert - Causas, Sintomas, Diagnóstico, Tratamento


A Síndrome de Apert é uma doença genética que provoca um desenvolvimento anormal do crânio. Bebês com Síndrome de Apert (também chamado tipo acrocefalossindactilia I) nascem com uma forma distorcida da cabeça e face. Muitas crianças também têm outros defeitos congênitos. A Síndrome Apert não tem cura, mas a cirurgia pode ajudar a corrigir alguns dos problemas provenientes dela.

Causas da Síndrome de Apert

Síndrome de Apert é causada por uma mutação rara em um único gene. Este gene mutado é normalmente responsável por orientar os ossos se juntam no momento certo durante o desenvolvimento. Em quase todos os casos,  é uma mutação genética aleatória. Apenas cerca de um em 65 mil bebês nasce com Síndrome de Apert.

Sintomas:
O gene defeituoso em bebês com Síndrome de Apert permite que os ossos do crânio se funda prematuramente, um processo chamado de craniossinostose. O cérebro continua a crescer dentro do crânio anormal, colocando pressão sobre os ossos do crânio e face.
O crescimento anormal do crânio e facial  produz seus principais sinais e sintomas:
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento A cabeça, aspecto longo, com uma testa alta
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Olhos encovados, muitas vezes com mal-fechamento das pálpebras
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Um rosto meio afundado
Outros sintomas da Síndrome de Apert também  são o resultado do crescimento anormal do crânio:
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Desenvolvimento intelectual baixo (na maioria das crianças com Síndrome de Apert)
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Apnéia obstrutiva do sono
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Repetidas infecções no ouvido
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Perda auditiva
A Fusão anormal dos ossos das mãos e pés (sindactilia) também são sintomas comuns. Algumas crianças também têm problemas de coração, gastrointestinal e no sistema urinário.

Diagnóstico :
Os médicos muitas vezes suspeitam da Síndrome de Apert ou outra Síndrome Craniossinostose no nascimento por causa da aparência do recém-nascido. Os testes genéticos podem geralmente identificar Síndrome de Apert ou outra causa da formação anormal do crânio.

Tratamento:
A Síndrome de Apert não tem cura conhecida. Cirurgias para corrigir as conexões anormais entre os ossos é o principal tratamento para a Síndrome de Apert.
Em geral, a cirurgia  ocorre em três etapas:
1. Liberação da fusão óssea do crânio. Um cirurgião separa os ossos do crânio anormalmente fundido e parcialmente reorganiza alguns deles. Esta cirurgia é normalmente realizada quando uma criança está entre 6 e 8 meses de idade.
2. Avanço do terço médio da face. Conforme a criança com Síndrome de Apert cresce, os ossos faciais vão novamente ficando desalinhados. Um cirurgião corta os ossos da mandíbula e bochechas e os traz para a frente em uma posição mais normal. Esta cirurgia pode ser feita a qualquer momento entre 4 e 12 anos de idade. Cirurgia corretiva adicional pode ser necessária, especialmente quando o avanço terço médio da face é feito em uma idade jovem.
3. Correção dos olhos grandes (correção hipertelorismo). Um cirurgião remove uma cunha de osso no crânio entre os olhos. O cirurgião traz as órbitas mais próximas, e pode ajustar o queixo também.
Outros Tratamentos da Síndrome de Apert incluem:

Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Colírio durante o dia, com lubrificação pomada à noite. Essas gotas podem evitar o ressecamento perigoso dos olhos que pode ocorrer na Síndrome de Apert.
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Pressão positiva contínua (CPAP). Uma criança com Síndrome de Apert e apnéia obstrutiva do sono pode usar uma máscara de oxigênio durante a noite, ligado a uma máquina de pequeno porte. A máquina oferece pressão que mantém a criança com as vias aéreas abertas durante o sono.
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Antibióticos. Crianças com Síndrome de Apert são propensas a sinusite causada por bactérias, necessitando de antibioticoterapia.
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Traqueostomia cirúrgica, ou a colocação de um tubo de respiração no pescoço. Esta cirurgia pode ser feito para as crianças com apnéia obstrutiva do sono grave, devido à Síndrome de Apert.
Síndrome de Apert Causas Sintomas Diagnóstico Tratamento Colocação cirúrgica de tubos na orelha (miringotomia), para crianças com infecções de ouvido repetidas devido à Síndrome de Apert.
Outras cirurgias podem ser benéficas para algumas crianças com Síndrome de Apert, dependendo do seu padrão individual de problemas de formação óssea facial.

Prognóstico:

Crianças com síndrome de Apert geralmente requerem cirurgia para a liberação dos ossos do crânio para permitir a chance para que o cérebro se desenvolva normalmente. Quanto mais velha a criança e a cirurgia é realizada, menor a chance de alcançar a capacidade intelectual normal. Mesmo com a cirurgia precoce, certas estruturas cerebrais podem permanecer pouco desenvolvidas.
Em geral, as crianças que são criadas por seus pais têm uma melhor chance de alcançar a capacidade intelectual normal. Cerca de quatro em cada 10 crianças com Síndrome de Apert, que são criadas em um ambiente familiar saudável até atingir um quociente de inteligência normal (QI). Entre crianças com Síndrome de Apert que estão institucionalizados, apenas cerca de 1 em cada 18 consegue um QI normal. Em um estudo, três de 136 crianças com Síndrome de Apert, eventualmente, freqüentou a faculdade.
Crianças com Síndrome de Apert e outras condições semelhantes que têm QI normal, não parecem ter um risco maior de problemas comportamentais ou emocionais. No entanto, eles podem precisar de apoio social e emocional adicional para ajudar a lidar com sua condição. Crianças com síndrome de Apert com QI mais baixo, muitas vezes têm problemas comportamentais e emocionais.
Pode haver grande variabilidade entre as crianças com Síndrome de Apert, com algumas severamente afetadas, e outros apenas levemente afetadas. Especialistas não tem certeza por que a mesma mutação genética pode resultar em tal variação no prognóstico de uma criança Síndrome de Apert.
Expectativa de vida também varia entre as crianças com Síndrome de Apert. Crianças com Síndrome de Apert que sobrevivem a infância e não tem problemas de coração provavelmente têm uma expectativa de vida normal ou quase normal. Expectativa de vida pode ter uma provável melhora por causa dos avanços nas técnicas cirúrgicas e cuidados de acompanhamento.

Fonte : http://www.indicedesaude.com/artigos_ver.php?id=1566


Mais que amigo
Vestir as próprias roupas ou mesmo pentear os cabelos eram tarefas difíceis, quase impossíveis, para Eliane Pereira Ruiz, de 16 anos. A história dela e de outros 110 alunos de um centro de educação para pessoas com deficiência intelectual em Ribeirão Preto (SP) começou a mudar há dois anos, com a chegada de Billy, um cão da raça golden treinado para Terapia Assistida por Animais (TAA).

Profissionais do centro relatam que os alunos têm dificuldade para expressar desejos e necessidades e ficam frustrados quando não conseguem se comunicar. Acabam desistindo de tentar compreender coisas simples, como a importância de vestir um par de meias quando a temperatura está baixa. Mas quando Billy é usado como modelo, tudo muda. "Se nós colocamos a meia no cão porque está frio, eles entendem que também devem fazer isso", explicou a fisioterapeuta Daniele Parada.

Preparado para o trabalho, o animal reage aos estímulos dos alunos, não demonstra indiferença e é carinhoso com todos. Esse comportamento do cão é, segundo Daniele, o que facilita o aprendizado dos assistidos. Para Eliane, porém, a explicação para a vontade de pentear, vestir e ajudar Billy em qualquer tarefa é bem mais simples. "Faço porque eu gosto dele".

Fonte: G1.globo

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Associação F.A.CE. - Facial Anomalies Center

Associação F.A.CE. - Facial Anomalies Center

"reconstruindo faces, transformando vidas"
A Associação F.A.C.E.- FACIAL ANOMALIES CENTER é uma OSCIP- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, fundada em 07 de janeiro de 2005 e qualificada pelo Ministério da Justiça em 14 de março de 2006, que presta atendimento aos portadores de deformidades craniofaciais de origem congênita em situação...
de vulnerabilidade socioeconômica, servindo a dois propósitos: humanitário para a área de saúde e assistência social e científico, no treinamento de profissionais, para o aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas e de tratamento de anomalias craniofaciais.

A Dra. Vera Lúcia Nocchi Cardim, médica cirurgiã plástica, profissional que atua no tratamento craniofacial há mais de 30 anos, Presidente da Organização, é a sua idealizadora. Fundou a Instituição com o objetivo de atender portadores de deformidades craniofaciais, crianças e adolescentes impossibilitados de terem acesso ao tratamento, devido aos altos custos dos procedimentos e ainda, levada pela preocupação de multiplicar profissionais aptos a realizar cirurgias, utilizando técnicas cirúrgicas que os especializem em deformidades craniofaciais, além de treinamento específico de neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e demais profissionais envolvidos, capacitando-os a lidar com os problemas que envolvem os portadores dessas deformidades.

DIFERENCIAL

A Entidade conta com uma equipe médica altamente qualificada de cirurgiões craniofaciais, que são responsáveis pela criação e manutenção do primeiro curso de Pós-Graduação em Cirurgia Craniofacial reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Craniofacial, além de contar com equipe multidisciplinar nas diversas áreas correlatas , que atua de forma voluntária na Organização.

A F.A.C.E. oferece aos portadores de deformidades craniofaciais congênitas, crianças e adolescentes oriundos de famílias de baixa renda, tratamento que engloba consultas, atendimento fonoaudiológico, psicológico, odontológico e cirúrgicos, além de atendimento multidisciplinar, acesso a medicamentos, órteses, próteses, aparelhos ortodônticos, curativos e exames gratuitos. Quanto mais precocemente for realizado o diagnóstico, a cirurgia no tempo oportuno e o tratamento multiprofissional adequado , menos comprometimento haverá nas funções vitais, maiores chances haverá para a recuperação e ao crescimento normal desses portadores, além de evitar-lhes os distúrbios emocionais.

Faz parte do plano estratégico da Organização de trabalhar pela excelência terapêutica das deformidades craniofaciais, desenvolvendo técnicas e abordagens científicas de tratamento que conduzam à recuperação físico emocional e inserção social dos seus portadores .

Visa oportunizar, a custo zero, aos pacientes portadores de deformidades craniofaciais com vulnerabilidade socioeconômica, a realização de todo o tratamento necessário à sua reabilitação funcional-estética.

Dados mostram que, na América Latina, as anomalias congênitas ocupam o 3° e 4° lugares dentre as causas de morte no primeiro ano de vida. No Brasil, apesar de falta de estatística oficial, por não haver obrigatoriedade de notificação ao Ministério da Saúde sobre esta ocorrência, estima-se que para cada 1.000 nascimentos,duas crianças apresentam deformidades craniofaciais.

São elas dotadas de inteligência normal, capacidade de desenvolvimento de habilidades, aptidões e aprendizado iguais a de qualquer outra criança, mas a deformação na face, além de afetar as funções como respiração, fala, deglutição, gera uma rejeição enorme no meio em que vivem, principalmente escolar, prejudicando o seu desenvolvimento.

O tratamento da deformidade aproxima a forma facial da normalidade, restabelece as funções, permitindo o desenvolvimento de todas as suas potencialidades, gerando uma superação surpreendente. Induzir esta transformação é, sem dúvida, um empreendimento extremamente compensador, pois resgata seres humanos da total inércia para a plenitude da vida. Esta realidade torna as perspectivas devastadoras para a esmagadora maioria dos deformados, pois o momento do tratamento é decisivo no efeito causado. Muitas deformidades que poderiam ser inofensivas para o desenvolvimento neurológico, tornam-se altamente lesivas ao cérebro se não operadas precocemente nos primeiros anos de vida.

O desenvolvimento sustentável só será alcançado se os seus diversos sistemas se estruturarem para propiciar condições adequadas de ajuda em todos os aspectos a todos os grupos vulneráveis, especialmente crianças e jovens, em situação de risco pessoal e social. Investir na criança e adolescente é investir na sustentabilidade do Planeta, visto que representam o elo que liga o presente ao futuro.
  


Para maiores informações :
Telefone(011) 2339-7229 - 3171-0254
E-mailface@associacaoface.org.br
Websitehttp://www.facebrasil.org.br




 

Quantos anos são necessários para mulheres, negros e pessoas com deficiência estarem representadas adequadamente no quadro executivo das empresas no Brasil?


Por Reinaldo Bulgarelli

Peguei os dados da pesquisa do Instituto Ethos e IBOPE – Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas, divulgada em novembro de 2010, para saber como andava a evolução da contratação de mulheres, negros e pessoas com deficiência de2001 a2010, período em que essa pesquisa vem sendo realizada. Não é assim que se faz contas e muito menos projeções porque a vida é mais complexa e há muitos fatores influenciando nestes dados, mas fiz o que não se deve fazer.

Peguei os dados de cargos executivos, que evoluíram 0,3 pontos percentuais em nove anos. Considerando que as pessoas com deficiência representavam 24% da população, de acordo com o Censo de 2010, e considerando que paramos de discrimina-las em 2010, fiz a seguinte pergunta: em quantos anos atingiremos a igualdade entre pessoas com e sem deficiência no quadro executivo das empresas no Brasil? Sabem qual foi a resposta? Em mil setecentos e um anos. Já imaginou se não houvesse a legislação de cotas para esse segmento? No ano de 3.711 tudo estará resolvido em termos de representação justa nos cargos de liderança das 500 maiores empresas do Brasil…

Para negros, fazendo o mesmo cálculo, a igualdade no quadro executivo acontecerá daqui a 149 anos e para as mulheres em 42 anos. As mulheres, desde que não sejam negras e sem deficiência, porque aí a conta seria outra, estão em melhor situação, ou seja, em 2052 elas poderão comemorar o fim da disparidade entre homens e mulheres na liderança das empresas. Se nada for feito, se deixarmos as coisas andarem “naturalmente”, assim será. Já fez as contas para saber quantos anos você terá? E suas filhas? Tem coragem de dizer a uma mulher que está ingressando agora no mercado de trabalho que em 42 anos ela não enfrentará mais barreiras e até poderá ocupar “naturalmente” cargos de liderança importantes nas empresas?

Volto a dizer que é um exercício de ficção científica porque a vida é complexa e também encontra soluções cada vez mais inteligentes para aquilo que a sociedade elege como prioritário. Assim eu acredito porque somos capazes de tantas coisas boas. Depende de nossa vontade para priorizar esse tema da equidade, da valorização da diversidade e da inclusão.

Estamos priorizando enfrentar as desigualdades injustas? Já não nos conformamos mais com estes dados e buscamos dar respostas que modifiquem a realidade atual? Paramos de transformar diferenças em motivo para a geração dessas desigualdades injustas? Eu acredito que estamos agora lidando melhor com esses temas. A decisão do STF sobre cotas para negros nas universidades é um exemplo que me deixa otimista.

Mas, ainda tem muita gente no mundo empresarial que acredita que tudo se resolverá naturalmente. Como poderemos resolver com tanta naturalidade o que criamos e mantemos com tamanho gasto de energia? Sim, tenho apresentado constantemente essa ideia de que gastamos mais energia (tempo, dinheiro, inteligência…) para excluir, para criar processos, sistemas e estruturas para deixar alguns do lado de fora, do que gastaríamos para a inclusão. Fazemos de tudo para afastar nossas organizações da diversidade.

Parando de atrapalhar o caminho das pessoas já teríamos um bom resultado. Custa caro incluir? E quanto custa ficar criando esse aparato da exclusão? E o custo de deixar parte do mercado interno excluído do trabalho? Nem estou falando no sofrimento que isso representa para as pessoas apartadas, assim como não estou falando de trabalho decente, de equiparação salarial, de qualidade de vida para todos, sem disparidades entre pessoas com e sem deficiência, homens e mulheres, brancos e negros. Também não estão falando aqui do prejuízo para as empresas do ponto de vista do empobrecimento que significa, por exemplo, 87% de homens tomando decisões importantes sobre o presente e o futuro delas. É o dado que temos hoje nas 500 maiores empresas.

A diversidade enriquece os ambientes e melhora a qualidade das decisões ao trazer mais perspectivas, pontos de vista, interesses, histórias de vida, entre outros aspectos, para a mesa de discussões. O planejamento estratégico é afetado diretamente por uma rica diversidade que possa se expressar e interagir. Quando isso não acontece, o risco da mesmice, a visão limitada sobre a realidade e a qualidade da ação sobre essa realidade podem comprometer o sucesso dos empreendimentos. Parece óbvio, mas essa ausência de alguns de nós incomoda muita gente, mas não tanta gente quanto seria necessário para mudar mais rapidamente essa realidade.

E você, o que acha que poderia ser feito? O que poderíamos deixar de fazer ou fazer mais e melhor para acelerar as transformações na direção de maior diversidade nas empresas brasileiras? O que você tem feito para contribuir nesta mudança?